COREN-SP


Saúde digna: um direito dos cidadãos, uma luta da enfermagem


//O subfinanciamento e a gestão ineficiente levaram o Sistema Único de Saúde (SUS) a uma profunda crise. Essa realidade vem comprometendo os princípios básicos da universalidade, equidade e integralidade, à medida que a falta de estrutura, a escassez de medicamentos e insumos e a desvalorização dos profissionais ameaçam o acesso dos cidadãos à saúde pública.
A população é a vítima mais evidente nesse contexto, enfrentando longas filas, falta de leitos e de profissionais, espera por exames, entre outras dificuldades que a privam de um direito constitucional, que é o acesso à saúde. Ao mesmo tempo, profissionais da área também vivenciam essa realidade e, muitas vezes, suas dificuldades são invisíveis aos olhos da sociedade.
Garantir o acesso aos serviços públicos de saúde é uma luta diária para muitos trabalhadores da área, como a enfermagem, que está na linha de frente do atendimento. Mesmo em situação de subdimensionamento, sobrecarga de trabalho e falta de segurança, nossos profissionais não medem esforços para garantir uma assistência segura e de qualidade à população. Não podemos permitir que aqueles que se dedicam ao cuidar e à garantia da dignidade da pessoa humana sejam penalizados por uma conjuntura da qual também são vítimas.
Da mesma forma, é inaceitável que os cidadãos sejam privados do direito básico de acesso à saúde. É importante lembrar que o SUS é uma conquista da luta do povo brasileiro e dos profissionais da área da saúde, consolidando-se como um dos maiores sistemas públicos do mundo, que tem como base de sua existência a garantia de acesso a todo cidadão, sem discriminação.
Essa construção resultou em grandes conquistas, colocando o Brasil como uma referência no acesso à saúde pública sem distinções entre seus cidadãos. Hoje, temos o maior sistema público de transplantes do mundo: 95% dos procedimentos são financiados pelo SUS. É na saúde pública que milhões de famílias brasileiras fazem o acompanhamento de doenças crônicas; que homens e mulheres têm acesso à prevenção de doenças graves, por meio de ações como o Outubro Rosa e Novembro Azul; que as nossas crianças são imunizadas em campanhas de vacinação; e que a nossa população é protegida com o controle de epidemias.
O processo de desmonte que o SUS atravessa é uma ameaça a essas e tantas outras garantias que a saúde pública oferece ao povo brasileiro. Recentemente, a Federação Brasileira de Planos de Saúde (FEBRAPLAN) propôs a construção de um sistema nacional estruturado a partir de planos privados e seguradoras, o que contraria a essência do sistema público brasileiro e escancara a tentativa de limitar o acesso dos cidadãos, sob o prisma de condições financeiras e sociais.
Não podemos fechar os olhos diante desta realidade. O Coren-SP, junto a outras instituições representativas da saúde, sociedade civil organizada e ao lado da enfermagem, seguirá firme na luta contra a precariedade da saúde, em defesa do povo brasileiro e por condições dignas de trabalho. Convidamos a todos, principalmente os profissionais de enfermagem, a participarem no dia 17 de maio, às 14 horas, de um grande ato na Avenida Paulista para mostrar que nós, como povo brasileiro e maior contingente de profissionais de saúde,
resistiremos a todas as tentativas de desmonte do SUS — afinal, ele é de todos nós.