SINTRACON/ITAPEVI-SP


Linchamento político e midiático


//Desde o golpe político que derrubou o governo da ex-presidenta Dilma Roussef a democracia tem sido posta em cheque no país. A esquerda lamenta a perda de espaço, a direita omemora. E comemora muito.Ganhou espaço no cenário político nacional e comemorou a prisão de seu maior adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Líder na corrida presidencial, com a prisão, está mais ou menos claro que Lula não vai poder concorrer. A mordaça em Lula animou candidatos medíocres como Temer (MDB), que agora acredita ter chance contra Alckimin (PSDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT). Até Rodrigo Maia (DEM) tomou gosto pela coisa e anunciou sua pré--candidatura.
Vários candidatos em todas as esferas de poder (presidente, governador, senador ou deputado) são suspeitos de envolvimento com esquemas criminosos, suspeitos de cobrança e recebimento de propina, suspeitos de favorecimento de empresas, de enriquecimento ilícito e de lavagem de dinheiro, suspeitos de roubo de recursos públicos.
Em muitos desses casos se a suspeita se concretizar, se consolidam as denúncias e que, acolhidas pela justiça, levam o político de suspeito para o patamar de réu. O cerceamento de Lula no entanto é suspeito. O ex-presidente teve os sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados, sua casa foi invadida e todos os seus computadores e da sua família (até o tablet do neto) apreendidos. O Instituto Lula também foi invadido e todos os computadores apreendidos.
A investigação foi realizada por empresas de auditoria e pesquisa de renome internacional contratada para encontrar algo que o implique em qualquer esquema de corrupção antes, durante ou depois do seu governo.
Depois de dois anos de investigação usando recursos e dinheiro público para encontrar um prova material contra Lula, o que se tem? Delações suspeitas (de pessoas que já tinham sido presas e não tinham delatado Lula e “resolveram” de uma hora para outra delatá-lo).
Um triplex que não está no seu nome, no nome de ninguém da sua família, de ninguém das suas relações, mas ao contrário, o imóvel continua no nome da OAS e sendo usado como garantia de operações de crédito pela empresa. Se o imóvel não está sendo e nunca foi usado por Lula e sua família e nem mesmo como patrimônio, que vantagem Lula teria em ter um imóvel desse?
Em artigo a Carta Capital o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, escreveu “Não é ser petista, é ser justo. Defender Lula é atitude de gente sensata, gente que sabe que o que está em jogo não é corrupção, apartamento triplex, sítio, pedalinho, nada disso. O que está em jogo é o sistema democrático brasileiro.”
Belluzzo tem razão. Não enxerga quem não quer. Esta em jogo a falência do sistema judiciário brasileiro que se tornou partidário e para Belluzzo “tão ou mais corrupto que o sistema político.” Manchada ficou a imagem do Brasil perante o mundo porque nem mesmo os que acusam Lula estão convictos de que haja provas de corrupção do ex-presidente.
Para mostrar que estamos errados, agora é a hora de serem investigados, processados e presos os outros líderes de viés ideológico diverso, que se beneficiaram de esquemas ilícitos que sempre existiram no Brasil (Temer, Alckimin, Aécio, entre outros). Se isso não acontecer, teremos a certeza de que Lula foi envolvido no maior linchamento político e midiático de que se tem conhecimento na história do Brasil.