//No inÃcio do mês de maio, aconteceu uma reunião com a participação de dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores do Ramo QuÃmico da Bahia (SindiquÃmica), do Recursos Humanos e equipe de segurança industrial da Basf e da Cipa, para discutir os procedimentos da investigação do acidente que provocou a morte do operador de guindaste da Locar, Antonio Santos de Jesus, em 19/04, que prestava serviços à Basf. Segundo informações obtidas pelo SindiquÃmica, o equipamento tombou no momento da movi-mentação de uma tubulação próximo à torre de refrigeração da Basf. Antonio morreu na cabine do guindaste.
Nessa reunião, a segurança industrial e a Cipa apresentaram os resultados do trabalho de investigação do acidente e os laudos e certificações de treinamento do trabalhador de manutenção do equipamento, já questionados pelo SindiquÃmica. O guindaste utilizado tinha capacidade de movimentar até 60 toneladas e no momento do acidente o operador movimentava apenas 1,2 ton. Foi discutido ainda o processo da análise de risco e da permissão de trabalho para o trabalho de movimentação de carga da unidade.
Para a conclusão da investigação é necessário o laudo do Departa-mento de PolÃcia Técnica da Bahia (DPT) que ainda não saiu. Infeliz-mente, a falta de segurança nas empresas petroquÃmicas, no Polo de Camaçari, fez mais uma vÃtima. Em média, por ano, dois a três trabalhadores perdem a vida em acidentes de trabalho nas fábricas do complexo petroquÃmico, que no exercÃcio da sua atividade profissional acabam morrendo. Quem sobrevive à s ocorrências na maioria das vezes fica mutilado, perdendo braços, mãos e dedos ou morre em decorrência de doenças ocupacionais, que muitas vezes só serão descobertas depois de aposentados.
O SindiquÃmica vem denunciando sistematicamente a polÃtica de contenção de custos adotada pelas empresas petroquÃmicas que negligencia a saúde e segurança dos tra-balhadores. Dentre as práticas nefastas das empresas está: diminuição do quadro de pessoal; o sucateamento dos equipamentos; a terceirização feita de
forma irresponsável; a sobrecarga de trabalho; o equivoco das empresas de colocar metas de segurança nos acordos de PLR, pressionando os trabalhadores; além do o assédio moral dentro das fábricas do Polo. Os trabalhadores estão cada vez mais as-sustados e estressados, já que não têm a certe-za de que voltarão para casa, após a jornada de trabalho.
O agravamento da precariedade das con-dições de trabalho tem sido objeto de denúncia do sindicato aos órgãos públicos e à sociedade. A cada ano, nas cam-panhas salariais, são incluÃdas na pauta de reivindicação cláusulas especÃficas na área de saúde para evitar novas ocorrências, a exemplo do Direito de Recusa: os trabalhadores de-vem cruzar os braços
em caso de risco de acidente, este direito é também assegurado nas Normas Regula-mentadoras (NR-9 e NR-5), que tratam sobre legislação trabalhista na área de saúde. Existem outros problemas como: número in-suficiente de profissio-nais no Programa de AuxÃlio Mútuo de Emergência do Polo (PAME) para atender as vÃtimas atingidas por substâncias quÃmicas ou outras ocorrências, caso acon-teçam em mais de um local ou com mais de uma vÃtima. E não há uma brigada de emergência profissional que combata os acidentes nas fábricas do Polo de Camaçari.
No ano de 2000, o SindiquÃmica em defesa da vida dos trabalha-dores decidiu investir em campanhas de esclarecimentos à população com anúncios em jornais de grande circulação, outdoors, coletiva de imprensa, enfim não faltaram instrumentos para denunciar os constantes acidentes. O slogan dessa campanha foi: “Não Há Lucro que Pague uma Vida – O Pólo Mataâ€. O objetivo da campanha foi denunciar a falta de segurança, os equipamentos sucateados, a redução do quadro de pessoal e o aumento do número de acidentes. Ao longo dos anos foram realizadas várias mobilizações nas fábricas em defesa da vida. Apesar de tudo isso, as empresas continuam ignorando os alertas que são feitos sobre os riscos existentes e criminosamente omitem in-formações importantes sobre problemas que podem provocar graves acidentes.